segunda-feira, 5 de abril de 2010

A FESTA DAS FESTAS




Nita,
Eu te conheço há vinte e oito aniversários, mas este foi demais. Havia uma alegria inebriante. Você estava cercada e ovacionada por muitos que te desejam um grande bem, sem carocha. Por imposição das adversidades outra multidão, que também te ama, não foi à sua festa, mas o contentamento da mesma também chegou ao ambiente único formando uma cúpula de puro magnetismo.
Como o tempo foi generoso com suas formas! Como o esporte deu consistência à sua musculatura! Como o sol tonificou a sua epiderme! Como o vento acaricia seus cabelos! Como seus olhos brilham a generosidade e como vertem pranto de amor! Como te segue a sua cadelinha...
A sua elegância deixa um rastro de perfume e um cumprimento jovial pelos caminhos por onde desfila! O seu sorriso não tem trava! Seu canto, como as sereias, encanta, pois não há mal a espantar.
Por sobre a cama de casal, como uma debutante, presentes se acotovelam.
Com alguma fertilidade de pensamentos pode-se imaginar toda a peça envolvendo os itens presenteados.
A primeira tomada de cena dá-se com você saindo do Box, onde fizera uso do conjunto de sabonetes, da caixa de sabonetes e do creme. Com um passinho curto faz-se sua saída do ambiente molhado e repousa as partes plantares no tapete cheirando fofura. Pronto, é chegada a hora de estreiar a toalha personalizada “Peron”. Este apelido carinhoso revela o carisma insofismável e sem fronteiras da aniversariante. Ao colocar o conjunto soutien/calcinha a vontade irresistível de dar uma rodadinha é saciada. Os amigos a conhecem e a calça jeans, fazendo conjunto com a blusa, tornam-se sua segunda pele, uma couraça que a delineia. O baton percorre cada canto dos lábios tornando-se então o maior explorador destes rincões. Três pulseiras ornamentam o pulso direito enquanto colares abraçam seu pescoço. A pulseira do Divino Espírito Santo fica do lado do coração. O cinto abarca sua cintura e parece ficar com uma vontade de não mais sair dali – puro conforto! O relógio mostra ainda certa folga no tempo - o que lhe permite apreciar alguns bombons finos. O móbile balança por sobre a cama onde três pijamas aguardam ansiosamente o fim da festa para saber qual o escolhido para aquele resto de noite feliz! O colar de anjo e Espírito Santo, desta vez, inaugurarão o novo porta-jóias, onde repousa o livro destinado às horas vagas raras. Por falar em porta-jóias você ainda vai ganhar um bem grande e, de preferência, que te caiba dentro. Metade do custo do som contratado está no bolso e o fôlego acelera-se para consumir o presente-combustível: Duas caixas de cervejas, sendo uma em latas e outra em garrafas.
Tudo realmente sobre medida sem que houvesse combinação.
Com você tudo é perfeito.
E o filme continua...
Parabéns!

31 de Março foi uma revolução


Euzenita agradecendo pelo Feliz Aniversário

Quero agradecer, a todos que carinhosamente gastaram um tempinho do seu dia pra me desejar feliz aniversário pelas mensagens virtuais, escritas, irradiadas, faladas...
Deu certo, pois foi um dia muito feliz mesmo... Aos que ligaram... Aos que esqueceram... Aos que fingiram que esqueceram...
Aos que não puderam estar ao meu lado neste dia, mas que fazem parte de minha galera preferida. Deus dê em dobro tudo que me desejaram! Sou uma pessoa muito feliz, feliz mesmo... Pois tenho pessoas maravilhosas que me cercam... Uns bem de perto... Uns de longe... Outros de bem longe... Não importa a distância e sim o carinho... Isso é um presentão de Deus pra minha vida...
É incalculável como estou feliz neste dia. Saiba que cada um de vocês é uma pessoa que admiro muito, alguém realmente especial, e receber esta efusão de alegria fez o meu dia muito mais feliz. Tomara que a gente continue assim, sempre trocando gestos de amizade e consideração. Acho que a gente deveria viver assim, distribuindo palavras amigas e fazendo com que o amor se alastre pelo mundo. As palavras são impregnadas de vibrações, por isso não devemos perder nenhuma oportunidade de manifestar bons sentimentos.
Sejam vocês, familiares e amigos, muito felizes também.

Obrigada.

domingo, 4 de abril de 2010

Goiandira Terra Branca


Minha concunhada "Rita Linda" adora a música “Debaixo Dos Caracóis Dos Seus Cabelos” do Rei. Então, como brincadeira, fiz uma paródia como se seu esposo, Euler, residente com a mesma em Catalão viesse, um dia de volta para Goiandira, a Terra Branca.


Umas caixas de skóis com muito gelo

Um dia a Terra Branca
Teus pés irão pintar
E vai arrepiar seus pelos
A volta ao seu lugar

Janelas e portas vão se abrir
Hão de você falar,
E ao se sentir em casa
Deixa o pau quebrar

Umas caixas de skóis com muito gelo
Muita história pra contar
De um Catalão estafante
Umas caixas de skóis com muito gelo
Um soluço e a vontade
De escutar alguém que cante

As cruzes e o dolorido
Que você tem agora
As rugas por toda banda
Um gole a mais e chora

Você olha mudo e nada
Lhe faz ficar com pente
Você só deseja agora
Tirar o espelho da frente

Umas caixas de skóis com muito gelo
Muita história pra contar
De um Catalão estafante
Umas caixas de skóis com muito gelo
Um soluço e a vontade
De escutar alguém que cante

Você anda pela tarde
É um Euler tristonho
Deixa singrar dum jeito
Um pescador de sonho

Um dia vou ver você
Abrindo um sorriso
Pisando a Terra branca
Que é seu paraíso

Umas caixas de skóis com muito gelo
Muita história pra contar
De um Catalão estafante
Umas caixas de skóis com muito gelo
Um soluço e a vontade
De escutar alguém que cante

domingo, 21 de março de 2010

Sem ofensas


Filhos da mesma mãe

Estão preparando a araruta
Para o pirão de uma disputa.
Vamos votar sob a batuta
Do maior filho da pátria!

Duas mulheres de luta
Vão entrar nesta labuta
Uma delas mata e furta
Cria do filho do Brasil!

A outra é mestra e educa
De ilibada conduta.
Diante de uma arapuca
Deixou o filho de sapo!

Sua legenda é mixuruca,
Mas está madura a fruta.
A luta verde é mais justa
Abaixo o filho do petê!

O José Serra ajunta
Muitas feras e recrutas.
Já provei tal pururuca
Com este filho de algo!

Sei dum nome que permuta
Na pesquisa de consulta
É de família robusta
O vice-neto Tancredo!

O Ciro quer ser bazuca
Seus votos se vê com lupa.
Quando muito é catapulta
Do filho da analfabeta!

Ao meio de tanta truta
Vejo drinques de cicuta.
O ideal só caduca
Se morre o filho do comunismo!

Quem da popularidade desfruta
Quer aprovar até "kama sutra".
Eu não pego esta garupa
Do filho de dona Lindu!

Este poema deu upa,
Pra xingar nada me custa.
Resta porém a pergunta:
Somos todos irmãos?

Super mouse em ação


Tudo se resolve num clique

Pacifique, abdique, falsifique,
justifique, crucifique, indique,
descomplique e fique chique
Sempre através de um clique!

Estou preso na minha casa
Quero ver quem me critique
Liberdade é dar asas
A um alvoroço de cliques.

Hoje para comprar cachaça
Que vem direto do alambique
Daquelas feitas sem trapaça
Basta que eu dê um clique.

Para que eu monte um som
Daquele que dá tremelique
Não preciso ser tão bom
Basta que eu dê um clique.

Se o computador travar
Não precisa dar chilique
Para de novo recomeçar
Basta que eu dê um clique.

Pra convencer a namorada
A ir num gostoso piquenique
Falar das flores e caminhada
Basta que eu dê um clique.

Se alguém abriu meu e-mail
E começou a dar chilique
Digo alto: isto é feio!
E apago tudo num clique.

Meto a mão e abro a carteira
Também abro na net-butique
Compro tudo de primeira
E pago tudo num clique.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Usinas dos sonhos


INCERTEZA - OBRA DOS BARRAGEIROS

As águas mágicas vão subir...Poção.
Vai melhorar nossa vida...Enganação.
Vou é resistir...Paixão.
Terá choro na partida...Montão
Na bolsa vai o dinheiro...O pão.
Meu tudo é pouco e vai... Anão.
Lá na chapada é o estrangeiro...Mundão
A usina foi um sonho de papai... Em vão.
Vez em quando vem gente da Capital...Tantão
Rodopiando pelo Céu pra intimidar...Ao chão.
E o capital de todo povo vai a pau...Sabão.
E o Veríssimo vai virar mar...Razão.
Rede vazia em breve se romperá...Sansão.
Lanchas e pranchas o leito abrigará...Riscão.
E o meu peito parece que se abrirá...Explosão.
Mais que a incerteza dor nenhuma existirá...É sim ou não.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Filho Ausente


AS DORES DE MINHA MÃE FORAM ALÉM DOS PARTOS

Minha mãe completou oitenta e um anos. Certeza. O mês de natalício é Fevereiro, mas o dia me falha à memória, mas já habitou por lá.
Sei que alguns se ajuntaram no dia treze para comemorar. A notícia não me chegou a tempo, além de desprevenido outros contratempos fizeram-se obstáculos como, por exemplo, hóspedes carnavalescos.
Quando eu era menino não deixava a data passar em branco. A mãe era tudo e algumas engraxadas a mais se transformavam numa linda bandeja. Esta bandeja estampada transformava-se num presente extraordinário. Lembro-me desta bandeja, hoje ainda existente, mas com uma necessária pintura a óleo que cobriu as ferrugens e o inesquecível estampado. É verdade que já dei jogo de sofá ou mesmo cerquei o quintal de lajotas, mas acho que o primeiro presente a gente nunca esquece!
Pobre não faz aniversário, ou seja, não comemora então como guardar a data?
Quando muito o filho traz pra casa um cartão-coração desenhado e recortado da cartolina por ele próprio, num incentivo escolar que gera até nota.
Não sei se tais presentes, em sua maioria, se eram entregues no Dia das Mães ou no aniversário ou ambos, por incrível que possa parecer.
Uma mãe pobre de nove filhos, por mais que se faça presente, alguns deles ficarão à deriva. Este negócio de que filho é tudo igual é a mais pura mentira – Mãe protege os menos aptos à sobrevivência.
Até a idade dela de hoje ainda existem, sob sua dependência exclusiva, filhos sexagenários. Certamente por isto é que insiste em viver, apesar das dores – Eita missão sem fim!
Ela que andava a passos largos pela cidade em busca de ovelhas perdidas tem hoje apenas alguns passos miúdos em torno do fogão, onde o alimento nunca faltou aos filhos. O diabetes talvez seja sua companheira de viuvez, além do peso excessivo mal acompanhado de dores imensas nas articulações.
Meu pai, além da pensão mínima, não ajudou muito no cumprimento da missão. Partiu cedo, embalado aos cinqüenta e um pelo consumo de aguardentes.
Não ficou nenhuma herança aos filhos, mas dívidas genéticas. Eu, a exemplo de outros, já tive perturbações mentais e outros continuam em botecos “limpando a goela”, certamente para descer melhor o pó da terra.
Talvez o desgosto consuma minha mãe e venha à mente que nada valeu a pena com filhos distantes e ausentes, mas engana-se. Quanto mais ausente e distante prova-se que asas foram tecidas para a grande jornada.
Quando perante as dificuldades minha mãe tenha optado por um caminho diferente, com certeza não manchou o heroísmo desmedido.
É verdade que a distância nos desacostumou, mas não esqueço jamais das dores de minha mãe e do meu amor.
Parabéns e muito orgulho!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010


ALMOÇO E JANTAR NO ASILO

A falta de tempo nunca será um bom álibi para a ausência de caridade.
Um amigo meu que mora fora da cidade, mas com raízes profundas em Goiandira, autorizou-me a promover um almoço no Asilo com as despesas por conta dele.
Procurando a Presidência da Instituição informei-me do cardápio preferido e da respectiva lista de compras.
Um porém fez-se presente, pois para doação haveria a necessidade de se doar alimentos suficientes para o almoço e jantar sendo que o jantar acontece com as sobras do almoço, inclusive com adição de quatro funcionários. A relação era simples que não vi problemas neste sentido.
O Cardápio preferido dos dezoito internos resume-se a arroz, feijão, maionese, frango ao molho, macarronada, salada de tomate, refrigerante e, como sobremesa, Romeu e Julieta.
Mais modesto ainda o total da despesa que não chegou a R$91,00 (noventa e um reais).
Neste almoço estarei com os velhinhos no Domingo de Carnaval.
É fácil fazer caridade e, ainda por cima, barato.
Muito obrigado, amigo e quaisquer outras coisas, no quesito de amor ao próximo, estamos prontos. Que Deus não te poupe jamais de tais ações.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O tempo é nosso aliado


MINHA AGENDA NÃO É DISPONIBILIDADE ZERO

Como não acredito no acaso, dia 04 de fevereiro, o destino traçado trouxe até minha casa, em Goiandira, reforço de idéia porque não tenho outra, o ilustre senhor jornalista araguarino, editor e amigo, Aloísio Nunes de Faria, além de patrimônio cultural itinerante, lógico.
Foi uma surpresa agradável, mas nem sobrou tempo de estender o tapete vermelho ou coar um cafezinho. Ao menos se refrescou do calor reinante com um sorvete caseiro, porém sem tempo pra escorrer o xarope como cobertura.
Os assuntos fervilharam em minha cabeça, mas poucos foram comentados devido à pressa do grande homem e das suas imensas responsabilidades. Um exemplar fresquinho do “Gazeta do Triângulo” foi trazido e tomou-me parte da tarde em leitura. Não gostei de uma foto da cidade de Araguari, em primeira página, mostrando Caldas Novas como destino onde, com certeza, a caldeira infernal esteja fervilhando ainda mais.
A vinda de tão grata personalidade, apurada por alto, a um minúsculo lugarejo, deve-se ao fato de ser membro colaborador do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Veio, portanto, a trabalho com fins de coleta de informações inerentes à restauração de uma antiga estação ferroviária de Goiandira. Só deve ter aceitado tal missão sabendo que poderia estar comigo um instante sequer. (risos convincentes)
Ele, espantado com a pequenez e tranqüilidade do município, perguntou-me o que eu faço pra matar o tempo por aqui. Respondi-lhe alguma coisa rapidamente, mas agora completo meu relatório de tarefas. Não há vínculo com a obrigatoriedade no cumprimento destas missões, mas um compromisso verdadeiro com a gratuidade.
Não ambiciono qualquer remuneração ou cargos e estou em busca de salvar a minha alma. Para a manutenção do corpo estou garantido, porém sem doenças que me acometam. Vamos ao meu roteiro de ocupação:
01) Todos os dias posso ter ações voltadas à religião, no caso o Espiritismo. Tais como visitas domiciliares a doentes, estudo do Evangelho, Distribuição de Sopa e donativos. O que me cabe, em especial, é uma relatoria das atividades do Centro.
02) Uma pretensa obra literária, intitulada “Aventura Ferroviária”, também toma meu tempo, pois tenho de visitar antigos ferroviários para ir preenchendo lacunas de uma história linda. Enquanto restauram monumentos de pedra eu procuro restaurar a vida daqueles homens de ferro que tinham nestes monumentos a vida depositada.
03) Também costumo me disponibilizar para o transporte de pacientes em tratamento à cidade de Catalão, mais próximo socorro.
04) O espaço compreendido num somatório aproximadamente de três horas destina-se às análises internéticas de leitura e de digitação. Frequento meus favoritos e atualizo meus blogs.
05) Sou “Amigo da Escola” e desenvolvemos o Projeto “Jornal na Escola”. Além de outras contribuições sou o designado para lastrear o editorial, chamado de Carta ao Leitor.
06) Ajudo nas tarefas domésticas e garanto que é o serviço mais duro.
07) Frequento as reuniões da Câmara e clamam-me no Rotary.
08) Planto, colho e distribuo horti-fruti-granjeiros aos próximos.
09) Podo e aguou grama, além de olhar nas árvores ou postes e conferir os pássaros.
10) Beijo a sogra e tenho pesadelos, não exatamente nesta ordem.
É mais ou menos assim e, como criança, não me esqueço de inovações sempre.
Tal agenda está sujeita a alterações tendo em vista que a Casa da Cultura deseja-me de mãos dadas no Projeto recém-implantado: “Pequenos Leitores, Grandes Escritores”.
O Asilo também merece minha atenção e esporadicamente contribuo para com os sorrisos desdentados, mas ainda, não demora muito, deverei vencer sóis e luas ao lado deles.
O resto do tempo eu descanso, leio e escrevo, de novo não exatamente nesta ordem.
Tenho uma providencial rede de balanço posicionada estrategicamente – meus pés apontam pra Catalão, minha cabeça remete-se a Araguari e Goiandira me embala.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Espaço aos Espíritas


O RELATOR Nr 03 – Goiandira - 17/Fev/2010

“Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.”

NÃO SEI ORAR

Não me sinto bem orando, principalmente tendo todas as atenções voltadas para minhas palavras. Não tenho domínio com as palavras faladas do mesmo modo que lido com as palavras escritas. Sinto um forte bloqueio. Vai ver porque costumo falar muita besteira, um humor exagerado ainda sem cura.

Numa vida inteira quase toda católica eu me valia das Ave-Marias e Pai-Nosso horas a fio, mas no Espiritismo, a cada instante, um novo e surpreendente louvor é entoado ao Cordeiro e seus auxiliares. O ambiente fica atento em todos os planos. Um camarote celestial se compadece.

Também ainda não aprendi ficar o tempo todo com os olhos fechados. Meu instinto escritor fica vagando, analisando, corrigindo palavras e não sereno o coração como pedido.

Dá um frio quando alguém me “empurra” esta, ainda, batata quente da oração inicial ou final. Não agrado a mim, acho que ao próximo e até imagino que a espiritualidade fazendo chacotas. Um dia chego à vibração correta. Treino, amigos e o tempo, remédio de todos os males, deverão me curar. Eu brinco muito com as palavras, por isto que tenho medo delas. Praga de língua felina!
Também não sei cantar hinos, nem nada. Sou desafinado e desprovido de memória das letras. Muito pouco neste campo há de se esperar de mim. Quem sabe um refrão. Se o embalo conta com alguma coreografia, pronto, até mesmo para as mais simples eu não disponho de coordenação motora.

Nenhuma dessas habilidades exige apego de estudo ou algum conhecimento acima da média, mas eu estou fora. Ainda bem que fomos dotados de dons variados. Tenho outros.

O homem simples que enche o filtro de água no Centro, quando ora, deixa-me de boca aberta. A trabalhadora lúcida consegue elevar-me até onde nunca pisei com suas palavras bem colocadas, específicas e sonoras. A Luz, outra amiga, sabe tanto orar quanto fazer doce – aprecio os dois. Invejo-os todos.

Existe uma pessoa que eu sinto um bem danado ao tê-la na minha equipe, pois é uma sentinela de vigília. Chamo-a de Dona Oraí – ora aí.

Acho que é o som que me atrapalha, tanto ausente como presente: Ore por mim!

Espaço aos Espíritas


O RELATOR Nr 02 – Goiandira - 10/Fev/2010

“... e mandou-os dois a dois adiante de si por todas as cidades e lugares onde para onde ele tinha de ir”.

VISITA PROVEITOSA

Na rotina do Centro Espírita de Goiandira a quinta-feira é reservada ao Culto do Evangelho no Lar. Os trabalhadores da Casa reúnem-se, por volta das 19 Horas, no próprio Centro para, em caravana de socorro, visitar os lares necessitados. São divididos em grupos de dois ou três, dependendo da quantidade presente bem como dos meios de transporte. Cada equipe visita em média três famílias. Antes da partida é feita uma oração inicial no Quartel-General da Boa-Vontade – O Centro.

Os lares contemplados para as visitas normalmente estão guarnecidos de pessoas doentes ou idosas e ainda com dificuldades para locomoção. O Culto no Lar consiste de uma oração de chegada, leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo (supostamente aberto ao aleatório pelo anfitrião), algum comentário essencial e a oração de saída. Havendo na Equipe algum Passista, e notória necessidade, é permitida a aplicação do passe sem, no entanto fazer parte do Culto.

Quase sempre o culto transforma-se numa visita amiga. Quanta gente precisa conversar! A solidão continuada é sempre avaliada como desprezo por quem sofre de tal situação.

A intenção da Equipe é sempre levar o alívio, a alegria, a compreensão, mas acaba sempre recebendo um grande contentamento como recompensa.
Existem “pessoinhas” por demais maravilhosas e com mais de oito décadas de uma vida intensa, muitas ainda fatigadas pelo trabalho árduo e de passatempo com arte.

Sempre que adentro os aposentos de certa senhorinha acredito que uma falange completa esteja ali o tempo todo regozijando da sua companhia agradável. Um sorriso murcho e brilhante, com os olhos apertadinhos, é sua saudação jovial. A dor ali existe, mas não se nota. Bendito seja um pijama fresco, o ventilador a soprar, vinte unhas feitas, brincos ornando os lobos, anéis saltando às vistas e uma enorme simpatia. Parece mais um instante de uma debutante que não se importa nem um pouco com o grande tubo de oxigênio ornando a sua cabeceira.

O culto acaba, mas ainda, junto ao travesseiro, povoam-me pensamentos de Graças a Deus por me permitir participar, a quem interessar possa, a existência de vagas neste Exército de Paz e Bem! “Vem e segue-me”.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Espaço aos Espíritas


O RELATOR

“Felizes aqueles que creem sem ter visto”. Nr 01 – Goiandira - 20/Jan/2010

SOPAPO

Após quatro tentativas pude presenciar um dos trabalhos desenvolvidos pelo nosso Centro Espírita aos domingos. Até então sempre fui fora de hora ou em dias suspensos pelo calendário de atividades.

Trata-se da Sopa, um dos pratos do Posto de Assistência, um remédio que, em uma super dosagem, alimenta corpo e espírito.

As mulheres assistidas ainda levam pra casa, com fins de suprir os familiares que não compareceram, as sobras por falta de espaço estomacal porque a sopa transborda.

O evento ocorre entre o meio-dia e às dezesseis horas. Desde a confecção do alimento até a limpeza total do ambiente.

Quatro homens de toucas e aventais, idades acima da média, sorrisos prazerosos, executam, a olhos vistos, as tarefas com amor. Há uma mistura de satisfação com o dever bem cumprido.

Um quinto homem, alinhado e culto, se regozija na organização da Biblioteca, mas não tarda a se abraçar com as panelas pra limpá-las em todos os sentidos.
O sexto humano se confunde com a paisagem local. Ele está impregnado em cada átomo do templo. Seu trabalho é diuturno, incansável, sanitário e burocrático.

Uma figura feminina, acompanhada da mãe, enquanto a sopa apronta-se, distribui sapatos e roupas arrecadados do seio da comunidade.
Uma roupa fora de moda não incomoda, mas segue firme no papel de servir e agasalhar.

Mais quente que a sopa só mesmo os quatro meninos irrequietos que pique-pegam sem parar.

Dois bebês encantaram a Casa e pelo queixo com dobrinhas deixavam escapar um pouco do caldo da sopa em cascata.

Seis mães saíram dali com uma pequena trouxa, barrigas cheias e os corações em órbita.

As meninas, ainda tão novas, cuidavam dos irmãos mais novos com um carinho maternal.

A evangelização de sala de aula viria a complementar o grandioso dia, pois fomos todos tocados com a presença de Cristo e sua falange. Tal era notado no rosto de cada um. Cada qual mais radiante... E lindo!