sábado, 21 de novembro de 2009

Goiandira é um estouro



FOGUETEIROS

Quando Jesus disse: “Vinde a mim as criancinhas”, certamente ele se encontrava também de braços abertos aos cãezinhos, afinal atrás de uma criança há sempre tal animalzinho. Jesus, entre tantas atividades, fora pastor e, com certeza, o cão fiel era seu escudeiro.
O banheiro e o cão, no caminhar progressivo da Humanidade, foram trazidos do fundo do quintal para dentro de casa. Transformou-se paulatinamente num membro da família, um próximo.
Tenho um desses orelhudos há quase quinze anos. Há mais de três anos toma medicação, três fórmulas, para o coração. Fica o tempo todo no meu encalço e, quando me ausento, enrola-se num canto demonstrando muita tristeza.
Este cachorro é diferente de tantos outros. Enquanto alguns se escondem com medo de fogos de artifício ele corre pra cima do barulho.
Tenho também uma cadela vira-lata que treme toda com os estrondos, inclusive de trovões, e se refugia embaixo da minha cama.
Todos os dias eu passeio com os dois nas coleiras num circuito repetido e eles adoram.
Apareceu na porta de minha casa uma cadela abandonada e, ainda por cima, pneumônica. Começamos a alimentá-la, em seguida deixamo-la na garagem. Vacinamos, “antibioticamos” e já dormia também em nossos aposentos.
Eu saia para a rua e ela ia solta comigo por toda a cidade. Quando saia com os outros dois amarrados ela nos seguia solta. Esteve conosco por mais de quarenta dias até que, numa salva de foguetes, saiu correndo e desapareceu.
Eu a procurei por três dias e três noites, debaixo de sol, chuva e estrelas até que a encontrei morta – fora atropelada!
Definitivamente eu não entendo estouro de foguetes – um absurdo. Não são somente gatos e cachorros que sofrem conseqüências, mas todos os animais, inclusive silvestres. Apesar da existência de monstros humanos caçadores, ainda resta uma fauna em nossos cerrados.
Ainda hão de ser proibidos os fogueteiros, mas somos de um País em que o normal é ser um fora-da-lei.

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